"Falar sem aspas, amar sem interrogações, sonhar com reticências, viver e ponto final."

quarta-feira, 30 de maio de 2012


duas pessoas



dois corações


uma quantidade de sentimentos


um grande amor


um dos muitos objetivos


sete meses maravilhosos.




Todas as manhãs, bem cedinho passa uma rapariga para a paragem do autocarro, de mochila às costas, ainda um bocado a dormir, de braços cruzados e olhos voltados para o chão.
A paragem localiza-se ao fundo da rua e ela passa sempre cinco minutos antes do autocarro chegar e, por norma, quando lá chega já está lá alguma gente, gente jovem, da mesma classe etária.
Quando começa a ouvir a buzina da camioneta a rapariga olha para o relógio então faltam os habituais dois minutos para que essa mesma chegue à paragem onde está a rapariga, e nesses dois minutos acontece que ela olha para o cimo da rua e vê o ‘famoso’ vizinho a sair de casa, a apertar a camisa e a arranjar as calças, enquanto espera que a mãe tire o carro da garagem o que é, normalmente, muito rápido. Entretanto o carro começa a descer a rua, em direção á paragem e quando passa os olhares cruzam-se, nunca sabendo o que aquilo é, sabendo só que a partir dali vão andar em direções contrárias, vão de costas voltadas um para o outro. Depois de se verem a distanciar cada vez mais, sempre em direções contrárias só amanhã é que se voltam a ver, só amanhã é que vão ter a certeza de que ambos regressaram, ambos voltaram, independentemente de se verem partir todos os dias, de se separarem sempre da mesma maneira.
O melhor de tudo é que esse olhar é o que os acorda todas as manhãs, é o que faz com que o dia deles comece, sempre de uma maneira suave, diferente mas, muito provavelmente, a melhor de todas.

terça-feira, 29 de maio de 2012

“Ficas comigo amanhã de manhã?” Obrigado, obrigado por me fazeres sentir útil, por estares sempre lá, por um simples olhar perceberes como estou, por tudo o que te tornas-te até hoje, pelo que transformas-te em nós. Por preferires a minha companhia, por me escolheres a mim, por valorizares o que sou, o que temos, e o que somos em conjunto, por confiares em mim tal como eu confio em ti, por guardares segredo, POR TUDO!

domingo, 27 de maio de 2012

É estranho quando se sabe onde se está mas não se sabe onde se anda. É completamente irritante querer descobrir, querer saber mas não conseguir. Abrir os olhos e ver que tudo está em total movimento giratório, movimento esse bastante rápido que faz com que não nos consigamos manter de pé, é algo que nos deixa de tal maneira sem controlo, sem equilíbrio. Hoje deito-me e vejo isso. É algo tão real que até mesmo quando fecho os olhos para adormecer, para descansar sinto que a cama está numa tremenda rotação que parece mesmo que vá cair. Quando me levanto vou contra as paredes, vou tonta. Aí, eu sento-me no chão e grito, grito de desespero, de angústia, de nervos. Desta forma só me ouve quem realmente se preocupa, quem realmente se importa comigo. Depois do grito vem as lágrimas, e simultaneamente um “ai” ou outro já quase que abafados, com aquele tom mesmo de libertação, de leveza. Depois vou com o vento, uns dias com maior precipitação para Norte, outros para Sul, uns mais virada para um lado do que para o outro e noutros, noutros já é ao contrário mas esse acaba por me trazer às origens, acaba por me fazer voltar, voltar ao que era, regressar a mim, ao meu perfeito juízo. Sem que ninguém me diga o que tenho ou o que deva fazer, vou simplesmente agir conforme o que sou, segundo o que me parece mais certo, o melhor. Não vou esperar que alguém me venha dar apoio, falar-me de todas as minhas qualidades, dita-las a todas como se isso fosse o mais importante, vou sim sozinha, dar conta dos meus defeitos e tentar emendar os erros que com eles cometi porque antes de os outros nos conhecerem devemos nós ter conta de tal conhecimento, até porque há coisas em nós que os outros não vêm.

sábado, 26 de maio de 2012

Acho que todos somos ensinados da mesma maneira. Numa generalidade os pais dizem aos filhos: “se queres ser respeitado, respeita os outros”. Todos já devemos conhecer esta típica frase, este famoso conselho. Às vezes tentamos respeitar aqueles que não nos respeitam para ver se é possível que exista alguma consideração por nós mas isso nem sempre acontece. Em contraposição uns exigem ainda mais respeito, acham insuficiente a nossa «boa educação» ou melhor, não a acham assim tão «boa» então pedem mais e melhor. A favor de algumas dessas pessoas insatisfeitas está a idade. Normalmente dizem para respeitarmos especialmente os mais velhos, dar-lhes a eles mais atenção. Acho justo, acho perfeito, acho ideal até porque realmente as noticias que ultimamente passam na tv não são as mais agradáveis e saudáveis, são mesmo capazes de nos deixarem emocionados quando lemos ou ouvimos alguns desses comentários desagradáveis. O problema é que pedir é realmente muito fácil mas retribuir é complicado. Exigir é aos outros, exigir alguma coisa de nós mesmos? Nem pensar. Pedem-nos para falar baixo mas falar baixo para nós? Nunca. A razão está sempre a seu favor a culpa vem dos outros. A nós dizem-nos sempre: «Tenham paciência, são velhos, sabem como é. São difíceis, são chatos, isso passa-lhes. Tenham calma!» E a eles dizem: «não era preciso mas não me vou meter, não é nada comigo, você lá sabe!» Agora eu pergunto-me: para quê tanto respeito, tanta atenção, tanta generosidade, tal solidariedade, tal bondade se nós que fazemos e damos tudo isso é que somos os maus da fita? Para quê tantas exigências, tantos pedidos se a retribuição é dada com sete pedras na mão? Não vale a pena, já sei que não.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

E a vida não é uma merda, tu é que és uma merda porque não a sabes viver. Não lhe dás o devido valor. A vida não existe para te fazer a vontade, tu é que existes para lhe fazeres a vontade, para seguires de acordo com os sentidos que ela te dá, na direção que ela te leva, e mais... uma vez que é impossível andar para trás não percas tempo a olhar para o passado, esse já passou. Não te desculpes agora pelas más ações, pelos erros já os cometes-te agora tenta é fazer melhor, sempre melhor. Deixa de ser hipócrita e invejar os outros, preocupa-te contigo, caminha na tua estrada que os outros caminham na deles e pode ser que um dia, inesperadamente, alguém se cruze no teu caminho e caminhe contigo e pode ser que nessa altura já tenhas crescido e saibas dar valor ás coisas quando elas aparecem e não depois de elas se irem embora. Se és assim tão crescida como dizem, pelo menos, mostra-o.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Olha para trás. Volta àquela fase da vida onde os teus desejos eram ter aquela boneca nova e ter a casa e o carro da barbie. Onde dizias que quando fosses grande querias ter uma casa enorme com uma piscina igualmente grande, onde a vaidade era só andar com uns brincos (fracos) e um ou outro anel nos dedos. Naquele tempo a maquilhagem era a junção de uma variedade de sombras, todas elas de cores diferentes, no mesmo olho e onde uma das melhores coisas que podia existir era andar com os sapatos de salto alto das mães. Naquela altura estar apaixonado/a era uma coisa do outro mundo e onde vir da escola, a pé, com a avó que nos levava a mochila era uma sorte. Aquele tempo em que passear era sair com os pais e onde tudo aquilo que não fosse brinquedo ou motivo de brincadeira não nos servia de nada e onde uma das piores coisas era ter de deixar de brincar para ir dormir. Agora olha para a frente… volta á realidade. Agora brincar já é algo sério, onde em qualquer tipo de brincadeira temos de estar atentos para que não sejamos usados como brinquedos, para que não façam connosco que que faziam com bonecos. Hoje os nossos desejos são: saúde, felicidade e amor. As roupas e calçados de marca são a nossa vaidade e, em alguns dos casos, a nossa sorte. Hoje uma rapariga é bonita com base na cara e deixar que a sua simplicidade marque a diferença é um ato de coragem. Hoje estar apaixonado é uma fantochada e namorar é a melhor brincadeira de sempre. Uma das melhores coisas é ter alguém que nos dê atenção e ter alguém que nos ame de verdade é um milagre; ir para a escola é uma treta. Agora passear é ir para a noite com os amigos e ir a algum lado a pé é uma maçada. Hoje tudo que não seja brincadeira é, na mesma, motivo para brincar. Assuntos delicados e cumprir regras é para fracos. Hoje, dormir é a melhor coisinha do mundo!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

É realmente tudo muito bonito antes de nos apercebermos das coisas. As situações vão-se tornando cada vez mais difíceis, e com o passar do tempo as coisas pioram. Queria dizer que não podia deixar de gostar do que temos, seja lá o que for. As coisas estão a mudar, eu sei mas não quero ver. Não quero acreditar, não queria que isso acontecesse da maneira que está acontecer sabes, tenho medo. Medo de te magoar. Eu sei que não vai chegar o dia em que vou ter de te negar seja o que for, o dia em que eu terei de dizer «não» não vai chegar porque nos conhecemos, sabemos perfeitamente o que somos e eu sei, sei que nunca irás dizer seja o que for acerca disto, sei que vais sofrer sozinho, vais deixar roer-te por dentro, vais resistir. Se calhar porque não queres estragar nada. Preferes continuar assim, ser discreto, ou não, tudo em segredo ou como tal. Na verdade sempre foste assim, uma pessoa que para além de tímida, sempre muito fechado, sossegado como ninguém. Sempre com o mesmo ar, a mesma expressão. Contudo continuo com aquela impressão estranha que vem de ti, curiosamente, e cada vez mais sinto isso, embora me sinta bem e melhor. Nunca vi tal preocupação vinda ti, tal carinho, simpatia e atenção, acima de tudo. Nunca gostei tanto de estar contigo como agora, nunca estivemos melhor, sabes? Eu sei que não devia pedir nada e como sabes, e eu sempre te disse, prefiro que as pessoas falem do que escondam mas desta vez prefiro que te mantenhas calado, que não te manifestes, eu já me estou a aperceber de tudo e já me tem chamado á atenção para tal mas eu não quero ver as coisas dessa maneira porque eu estou realmente a gostar e sei que se me falares as coisas vão mudar e eu não quero. O que eu mais quero é ser tua amiga!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Eu gostava de saber, de adivinhar mas tudo do que sou capaz são previsões, essas são do domínio da probabilidade e como é óbvio nunca me vão ajudar muito. Naquele momento são capazes de me deixar feliz, de me levarem a pensar aquilo que realmente desejava, aquilo que queria mas e daqui por uns tempos? Quando, se calhar já nada vai existir? Vou olhar para trás e pensar que realmente o futuro é incalculável e improvável. É completamente estranho, é algo que chega sem eu dar conta mas algo que faz com que aquilo, que naquele dia era o motivo de tal previsão, do «talvez», passa a ser passado. O futuro é algo que existe sempre e o presente é um bocado que passa a correr. É aquilo a que chamamos de fugaz, é extremamente curto é basicamente cada segundo da tua vida, do teu dia. Eu gostava de pensar simplesmente no que acontece e deixar de pensar, de vez, naquilo que provavelmente vai acontecer ou que, se calhar, nem vai chegar a acontecer. Isso só me atrapalha, deixa-me a desejar cada vez mais e isso nem sempre é bom porque o desejo pode nem sequer ser concretizado, o sonho pode não se realizar, a imagem real pode não corresponder minimamente á imagem que eu criei mentalmente! Com tantas previsões posso tornar o meu futuro arruinado, embora o ache perfeito enquanto penso nele. Sinceramente tenho medo, sempre o tive. Este defeito nunca me largou e duvido que me largue. Há um pé que anda sempre atrás e por vezes é isso que me atrapalha, é isso que me faz tropeçar e cair. Falta-me equilíbrio, segurança. Falta-me um bocado de coragem para acreditar em coisas que, inicialmente, me parecem impossíveis.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Hoje ao ver a chuva que caía intensamente lá fora, através da janela, lembrei-me de te ir buscar. Tirar-te do armário depois de muito tempo sem pegar em ti. A verdade é que precisava de alguma coisa quente que me cobrisse o corpo que estava gelado, precisava de algo que me aquecesse então lembrei-me de te ir buscar. Tirei-te do armário e estendi-te por cima de mim, conforme a tapares-me totalmente o corpo, de modo a não entrar nem um bocadinho de frio. Quando me estiquei e te subi até á cabeça senti uma dor que me correu as costas de baixo a cima e, depois, de cima a baixo juntamente com um arrepio que me percorreu todo o corpo. Depois? Depois, não sei como, perdi a noção de tudo, a noção do tempo, do espaço, de mim. Só sei que antes de «adormecer» tinha alguém sentado aos meus pés, alguém a falar para mim e sem mais nem menos acordei. Não dei conta de mais nada, só mesmo de acordar. Quando abri os olhos já estava sozinha, com uma manta estendida por cima do meu cobertor, a única coisa que se mantinha era a chuva. Lembro-me de olhar para a janela e essa continuar embaciada e preenchida de gotas de água que iam escorregando quando uma outra gota se juntava. Entretanto ocupas-te o meu pensamento. Deixa-me então que te diga que esta noite tornei a sonhar contigo e que ainda estou á espera do dia em que vais estar deitado aqui á minha beira, a fazer-me festas no cabelo, como tanto gostas, num abraço continuo e apertado, debaixo deste meu cobertor grande e quente, neste ou noutro sofá qualquer, a ouvirmos a chuva a cair e a admirarmos o momento. Estou á espera do dia em que vou adormecer descansada porque te tenho ao meu lado e não ter de ficar a pensar onde é que estás, se estás ao frio, á chuva ou se estás mal e/ou se por acaso não consegues adormecer. Ainda espero o dia em que vou ter companhia ao deitar-me, e que essa companhia sejas tu. Espero pela manhã em que vou acordar com o teu braço debruçado no meu corpo, aquela ‘festinha’ no nariz e um beijo teu. Espero por aquele em que, logo depois de acordar, a primeira coisa que diga, seja o teu nome, meu amor!