"Falar sem aspas, amar sem interrogações, sonhar com reticências, viver e ponto final."

quarta-feira, 29 de agosto de 2012


Ainda estimo o vaso de rosas que me deste. Tomo conta dele como se ainda alguma coisa valesse a pena, como se ainda fizesse sentido tê-las comigo.
Todas as manhãs, depois do pequeno-almoço, faço questão de as tirar da varanda, traze-las até à cozinha e rega-las.
No meu ponto de vista acho que o que não fazia realmente sentido nenhum era se me tivesse desfeito das flores. Flores tão bonitas, tão desenvolvidas, tão queridas não podem pagar pelos nossos erros.
 Neste momento são flores como todas as outras, merecem o meu cuidado e a minha responsabilidade. Não representam nada de extraordinário nem sequer se distinguem das outras, neste momento todos os vasos são iguais, a terra é toda a mesma e a água, com que rego todos eles, não se distingue. Vem tudo da mesma torneira.
A única coisa que me vem à cabeça quando olho para elas é o simples facto de elas ainda conseguiram ser mais fortes do que nós, e ainda se aguentarem enquanto que nós… nós já nem sequer existimos.


domingo, 26 de agosto de 2012


Eram duas da manhã e eu continuava ali, praticamente imóvel, onde em mim só se encontravam em movimento os meus olhos, que abriam e fechavam em segundos, os dedos dos pés que, incontrolavelmente, não paravam de se mexer e as minhas mãos que seguravam o caderno e a caneta.
Calculei de imediato que esta noite iria ser passada em claro, normalmente é assim e a verdade é que assim foi.
Entretanto levantei-me da cama e direcionei-me para a cozinha onde fiz um chá que me aqueceu o corpo que ia arrefecendo ao longo da noite.
Quando voltei para a cama fechei o caderno, pousei-o na mesinha de cabeceira, tapei a caneta que pousara em cima do caderno e, logo de seguida, desliguei a luz. Quando pousei a cabeça na almofada aquele pensamento veio ao de cima.
A verdade é que já se passaram cerca de catorze horas e eu continuo a matutar no mesmo.
Mas a decisão já está tomada, esta vai ser uma semana de tempo e espaço. Vai ser uma semana passada longe, uma semana minha. Eu já arrumei as minhas roupas, neste momento os trapos encontram-se todos dobrados e organizados dentro de uma mala que irei carregar quando amanhã de manhã, bem cedo, sair de casa.
E já sabem, as chaves vão ficar no esconderijo do costume, debaixo do tapete da porta de entrada. Eu conto voltar ao fim de uma semana, ou melhor, no final desta semana.

Até lá,*





É como tudo, umas vezes queixo-me do frio e outras vezes do calor. Às vezes digo ter os pés gelados outras queixo-me de estar quente, umas vezes queixo-me da chuva outras vezes do sol que queima. Anda tudo de dia para dia, do dia para a noite as coisas podem perfeitamente mudar, tal como o humor de cada um. Há dias em que ‘acordamos com os pés de fora’ , chateamo-nos por coisas sem sentido. Insistimos nos problemas e arranjamos sempre maneira de os ter quando, na verdade, só sabemos dizer “não quero saber, farta de problemas estou eu, hoje não.”
Nesses dias fechamo-nos. Queremos sossego mas qualquer coisinha nos irrita. Estamos sensíveis a tudo e todos, as respostas são curtas e a vontade de fugir é mais forte do que nós. No máximo o que fazemos é trancarmo-nos no quarto mas mesmo assim os problemas surgem. Ou há algum ruido lá fora que incomoda, ou não conseguimos adormecer (…). Existem sempre defeitos a colocar.
Somos realmente seres problemáticos, e quando dizemos que é tudo aquilo que não queremos que aconteça a verdade é que conseguimos fazer com que tudo aconteça mais depressa.
" The road is long, we carry on
  Try to have fun in the meantime
  Come and take a walk on the wild side (...)"
Because "we were born to die"

sexta-feira, 24 de agosto de 2012


Eu sei que há qualquer coisa errada. Algo que não me deixa adormecer sem antes me revirar mil e uma vezes, alguma coisa que não me deixa sentir desde o inicio o sossego que o silencio daquele quarto me é capaz de oferecer, o conforto de sentir a minha cabeça na almofada e o meu corpo esticado na cama.
Há qualquer coisa que me inquieta, que me preocupa e me faz abrir os olhos segundos depois de os ter fechado. Qualquer coisa que não me deixa bem. Qualquer coisa que não me deixa descansada nem me deixa descansar.
É incrível como a nossa cabeça se enche de coisas desnecessárias, como criamos problemas onde eles não existem, como conseguimos ser tão cruéis até com nós próprios. Como o nosso estado espírito muda por coisas tão insignificantes. Como nos deixamos afetar por coisas tão desinteressantes, tão aborrecidas, como há coisas que conseguem tomar conta do meu sistema nervoso com uma facilidade que nem eu mesmo percebo e que lá no fundo até me surpreende. Nunca irei perceber como é que coisas tão pequenas, tão simples, tão básicas, tão horríveis conseguem ter assim tanto poder, como me conseguem tirar uma noite de sono.
Eu sei que somos nós que controlamos os nossos sentimentos mas admito que são muitas as vezes em que parece que perco todo o controlo.


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sabes, há muito que te quero dizer que o muito que estou contigo é pouco para o muito que pretendo estar! 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Não entender "como" pode ser o mistério que faltava. Não saber o "porquê" pode ser um estímulo para a imaginação. A melhor forma de alimentar a nossa expectativa. O único meio de tornar o caminho uma aventura."     - Fernanda Gaona 

domingo, 19 de agosto de 2012


A Cinderela perde o sapato nas escadas, e continua a correr, eu não. O meu chinelo rebenta e eu caio.
A branca de neve adormece e para acordar é com um beijo nos lábios, beijo esse vindo de um príncipe, eu não. Eu desmaio e acordo com estalos na cara e com gritos de pessoas aflitas e no fim não tenho um beijo mas sim um copo de água com açúcar.
A princesa usa coroa, eu não. Uso uma bandelete de plástico na cabeça, para que o cabelo não me atrapalhe.
Coisas em comum? Não existem. É que eu até tenho um príncipe, como todas elas, mas em contrapartida o meu distingue-se do delas pelo simples facto de ser real. 


É aquela sensação de que o mundo desabou, se calhar por estar a chegar ao fim. Parece ter visto muita gente a desaparecer, cada um a correr, alguns já sem forças, exaustos, sem folego.Eu não sei porque, já um bocado por falta de energias e também por falta de vontade, fiquei para trás. Existiam coisas que me despertavam mais interesse, que me ocupavam a cabeça e que faziam querer sempre mais e melhor, então optei por dar prioridade a isso, inconscientemente.Digo isto porque agora que olho para trás dou conta dos erros, das decisões mal tomadas, das escolhas precipitadas e, lá está, inconscientes. Aceito o sentimento de culpa porque sei que a tive, sei que fiz mal.A verdade é que quando temos um contraste entre dois componentes da nossa vida, quando nos surge aquilo que realmente sonhávamos para nós o que, normalmente, fazemos é agarrar isso com todas as forças que temos e se for preciso deixarmos o resto. É óbvio que aquilo que julgamos ser o melhor também tem as suas desvantagens mas desde quando é que vamos perder tempo a pensar nelas? Afinal aconteceu, chegou, limitei-me a agarrar porque era realmente aquilo que esperava já há muito tempo. Todos temos essa tendência, não olharmos ao resto, parece que ficamos cegos e só vemos aquilo à nossa frente e embora, simultaneamente, quisesse outras coisas aquela era a principal, como já disse, tornou-se a minha prioridade. Com isso estraguei um bocado os meus planos, atrasei-me mas vou continuar e posso dizer que vou continuar, FELIZ